sábado, 18 de junho de 2016

Doce conselho


Eu e Rosangela estamos na biblioteca. Eu em um computador e ela no outro. E aí ela começa a ler um poema que alguém publicou. E eu começo a recitá-lo junto com a leitura dela. É um dos poemas que decorei na minha infância. E lá se vão por volta de 60 anos.

Doce conselho

Meu filho, quando tu fores
Ao jardim de tua irmã,
Não quebres as debeis flores
Que nascem pela manhã.

Olha: quando vens de lá
A rosa diz à açucena
Que és de uma índole tão má
Que nem das flores tens pena... 


E aí fui procurá-lo na internet. Encontrei uma crônica no Recanto das Letras que tem inclusive a página do livro onde está publicada. A autoria é de Ricardo Barbosa e tem até a foto do autor.

Encontrei também outra crônica publicada no Correio de Uberlândia sob o título As músicas que eu cantava e que incluem este poema. Gostaria muito de conhecer a música, mas o escritor desta crônica faleceu em 30/6/2014 aos 98 anos. Se alguém souber a música e conhecer alguma gravação eu gostaria muito de ouvir.

Estas recordações me fazem muito bem a alma.

domingo, 20 de dezembro de 2015

A vida

João de Deus

A vida é o dia de hoje,
A vida é ai que mal soa,
A vida é sombra que foge,
A vida é nuvem que voa;

A vida é sonho tão leve
Que se desfaz como a neve
E como o fumo se esvai:
A vida dura num momento,
Mais leve que o pensamento,
A vida leva-a o vento,
A vida é folha que cai!

A vida é flor na corrente,
A vida é sopro suave,
A vida é estrela cadente,
Voa mais leve que a ave:

Nuvem que o vento nos ares,
Onda que o vento nos mares,
Uma após outra lançou,
A vida – pena caída
Da asa da ave ferida
De vale em vale impelida
A vida o vento levou

Descobri esta poesia a muitos anos, mas, não a decorei. Ficou na memória apenas duas frases: "A vida é um ai que mal soa, A vida o vento levou." Hoje resolvi colocá-la aqui, porque a fragilidade da vida está mais presente na minha vida com a doença do meu irmão. 27 dias hospitalizado por causa de algo que dizem ser simples: uma crise de vesícula - confundida com ataque cardíaco no início, atrasou em 6 dias o inicio do tratamento em virtude das providências tomadas no pronto socorro. Depois revolveram fazer um cateterismo por causa do risco cirúrgico e quando foram fazer a laparoscopia, viram que a vesícula estava necrosada e tiveram que fazer um corte no abdomen. 15 dias depois, e sem que a recuperação estivesse recorrendo a contento, mudou-se a equipe médica e foi feita nova cirurgia e nesta encontrou-se restos da vesícula necrosada além de uma fístula por onde estava vazando bile durante 15 dias. Vê-se pela aparência do meu irmão que as coisas estão melhor. Agora é esperar o resultado da cultura para ver se as bactérias realmente estão sendo combatidas pelo antibiótico prescrito. E caso não seja, mudar o antibiótico e esperar que Deus faça a sua parte, segundo a sua vontade soberana.


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Dia da árvore

Hoje é o dia da árvore. Não sei se a velhice nos separa destas comemorações, mas, não vejo mais falar no dia da árvore. Uma amiga postou no face a letra de uma das músicas que cantávamos quando crianças e eu fui procurar no youtube a música. Não encontrei. Uma pena. Aí lembrei de outra que também cantava. E também não está no youtube. Não está na rede. Vou ver se alguém se anima a gravar, mas, as letras, ficam em mais uma postagem.



Hino à árvore

Nossas matas de verde-esmeralda
Já se cobrem de novas capelas
Dos seus troncos vicejam libertas
Meigas folhas de tranças singelas;
São os lindos vergéis da natura
onde vemos belezas de palmas
São riquezas da Pátria adorada
Que de encanto nos enchem as almas!

Lá do alto se espargem, brilhantes
Lindos raios do sol brasileiro
Osculando as folhagens da selva
Desta terra do belo cruzeiro


Primavera festiva e garrida
Que engalana as frondosas florestas
Recebei nossas palmas ardentes
Recebei nossos risos e festas
Sobre a terra deixamos agora
Belas flores por todo o caminho
Colocadas por nós, as crianças
Com cuidado, fervor e carinho.



Festas das Árvores
(Arnaldo Barreto)

Cavemos a terra, plantemos nossa árvore,
Que amiga bondosa ela nos será!
Um dia, ao voltarmos em busca de flores,
com as flores bons frutos e sombra nos dará!

O céu generoso nos regue esta planta;
o Sol de dezembro lhe dê o seu calor;
a terra, que é boa, lhe firme as raízes
e tenham as folhas frescuras e verdor!

Plantemos nossa árvore, que a árvore amiga
seus ramos frondosos aqui abrirá,
Um dia, ao voltarmos, em busca de abrigo,
ou flores, ou frutos ou sombra nos dará.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Genealogia

Das velhas notações, de tempos fenecidos,
Copio, com carinho, o que me foi legado
Por irmãos, pais, avós, tios e primos queridos,
Dos quais nada mais há que um retrato apagado.

Se, automaticamente, os dedos vão e vêm,
O pensamento não: esse voa em vertigem,
Ao sabor do que diz uma data que alguém
Rabiscou, sem saber, que eram marcas, origem,

Para a gente lembrar fatos, coisas, lugares...
“E os rostos, bom Jesus?! E os sóis? E os luares?
E a fogueira no chão da cozinha de terra?...”

E os dedos vão e vêm... E o pensamento erra
Pelo tempo que foi e que volta na idade
Com sabor de canção, nos braços da saudade!.


Sorocaba, 27 de agosto de 1.976.        


Afonso Celso de Oliveira 

Copiei esta poesia do site Genealogia Home Page de Marta Amato. Pesquisei bastante a internet na esperança de encontrar detalhes sobre o autor, mas, não encontrei nada. Foi a primeira vez que vi este soneto e gostei muito dele.        

sábado, 9 de agosto de 2014

Palco da Vida

Hoje assisti uma palestra no congresso Lidera Brasil feita por Tom Coelho. Gostei da palestra. Exemplos simples, como por exemplo: custos são como unhas, não param de crescer. Ao terminar ele recitou esta poesia.

Fernando Pessoa          

Você pode ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não se esqueça de que sua vida é a maior empresa do mundo.
E você pode evitar que ela vá a falência.
Há muitas pessoas que precisam, admiram e torcem por você.
Gostaria que você sempre se lembrasse de que ser feliz não é ter um céu sem tempestade, caminhos sem acidentes, trabalhos sem fadigas, relacionamentos sem desilusões.
Ser feliz é encontrar força no perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros.
Ser feliz não é apenas valorizar o sorriso, mas refletir sobre a tristeza.
Não é apenas comemorar o sucesso, mas aprender lições nos fracassos.
Não é apenas ter júbilo nos aplausos, mas encontrar alegria no anonimato.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um não.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Ser feliz é deixar viver a criança livre, alegre e simples que mora dentro de cada um de nós.
É ter maturidade para falar eu errei.
É ter ousadia para dizer me perdoe.
É ter sensibilidade para expressar eu preciso de você.
É ter capacidade de dizer eu te amo.
É ter humildade da receptividade.
Desejo que a vida se torne um canteiro de oportunidades para você ser feliz . . .
E, quando você errar o caminho, recomece.
Pois assim você descobrirá que ser feliz não é ter uma vida perfeita.
Mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância.
Usar as perdas para refinar a paciência.
Usar as falhas para lapidar o prazer.
Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência.
Jamais desista de si mesmo.
Jamais desista das pessoas que você ama.
Jamais desista de ser feliz, pois a vida é um obstáculo imperdível, ainda que se apresentem dezenas de fatores a demonstrarem o contrário.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo . . .

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Hino a Anchieta

Dom Aquino Correa

Aqui nesta terra mimosa e sagrada
Foi que alma gentil quis a Deus entregar
O apóstolo audaz das florestas assombradas,
0 angélico poeta das praias do mar.

Anchieta, o teu nome é um poema que encerra
Os ciclos heróicos do nosso Brasil,
Que por ele viva abençoada esta terra
No bronze da glória por séculos mil.

Nasceste bem longe das nossas florestas,
Nas ondas do mar sob um céu todo azul,
Mas foi nesta noite que, meio de festas,
Tu viste o Brasil no Cruzeiro do Sul.

Tu foste o canário de voz doce e pura
Que, aos pés de Maria, em Coimbra, cantou.
Teu canto foi este: "O Mãe de ternura,
A ti para sempre eu agora me dou”.

Aqui tu vieste, aqui tu morreste,
Tu és do Brasil, brasileiro tu és.
Agora tu vives na pátria celeste
Mas neste Brasil caminharam teus pés

Cantei este hino uma vez por semana durante os cinco anos que estudei no "Grupo Escolar Padre Anchieta" e por incrível que pareça, só lembro da música do estribilho que é a única parte que lembro a letra de cor.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

A cozinheira

Bastos Tigre

Tou despedida. Essa agora!...
por uma coisinha à toa
o demonio da patroa
danou-se e mandou-me embora!
A mim que sei quanto "vaio",
que intendo do meu "ofiço",
que sou boa no "selviço",
que sou fixe no trabaio!...

Vorto de novo pra agença...
Vou arranjá patrões novo.
Quais novo nada! Esse povo
quase num faz diferença!...
É tudo da mesma raça:
resmungão, impretenente...
Prá agradá eles a gente
não sabe mais o que faça.

Pruquê eu cá sou cozinheira
mas sou de forno e fogão!
Eu cá não sou de feijão,
tutus e couve à mineira!
Trabaio em massas, corquetes,
faço cunzinhas francesa.
Seio fazê sobremesa
de pudingues e meletes!

Pois o diacho da patroa
que só dava prá cuzinha
carne, feijão e farinha,
queria comidas boa!
E inda ficava danada
quando, de tarde, o marido
fazia nariz trucido
pro feijão e carne assada!

Eu cum essa gente tô cheia!
Com esse povo não me aprumo!
Mas afiná!... não costumo
falá má da vida aleia!
Tenha ou não tenha razão,
eu quando uma casa deixo,
não me ralo, não me queixo,
nem falo má dos patrão.

O patrão deve na venda,
no açougue, no quitandeiro,
na fremácia, no padeiro,
no turco, no home das renda!
E inda ameaça com prisão
os pobre dos cobradô!
Mas...bico! que eu não sou
de falá má dos patrão!...

O patrão é um assanhado!
O mau costume ele tinha
de andá rondando a cuzinha,
a fazê-se de engraçado...
Eu nunca dei atenção
mas a patroa é ciumenta,
chegou-lhe a mostarda às ventas,
brigou, pintou com o patrão!

E ó, despois mandou-me embora!
Já viro que desaforo!
Tenho nada c'os namoro
de seu marido, senhora?
Eu cá não sou disso não!
Diabo a leve c'os seu ciumes!
Eu nunca tive o costume
de dá confiança a patrão!

Tá dereito, vou simbora!
Vorto de novo pra agença!
Minha gente, com lecença...
Meus senhores e senhora,
eu sou de forno e fogão...
Percisando meus selviço,
saibam que eu cá não sou disso
de falá má dos patrão!

Recitei esta poesia quando estava no Grupo Escolar Padre Anchieta, numa das festas escolares. Não sei precisar o ano, mas foi entre 1955 e 1959.