sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Genealogia

Das velhas notações, de tempos fenecidos,
Copio, com carinho, o que me foi legado
Por irmãos, pais, avós, tios e primos queridos,
Dos quais nada mais há que um retrato apagado.

Se, automaticamente, os dedos vão e vêm,
O pensamento não: esse voa em vertigem,
Ao sabor do que diz uma data que alguém
Rabiscou, sem saber, que eram marcas, origem,

Para a gente lembrar fatos, coisas, lugares...
“E os rostos, bom Jesus?! E os sóis? E os luares?
E a fogueira no chão da cozinha de terra?...”

E os dedos vão e vêm... E o pensamento erra
Pelo tempo que foi e que volta na idade
Com sabor de canção, nos braços da saudade!.


Sorocaba, 27 de agosto de 1.976.        


Afonso Celso de Oliveira 

Copiei esta poesia do site Genealogia Home Page de Marta Amato. Pesquisei bastante a internet na esperança de encontrar detalhes sobre o autor, mas, não encontrei nada. Foi a primeira vez que vi este soneto e gostei muito dele.        

sábado, 9 de agosto de 2014

Palco da Vida

Hoje assisti uma palestra no congresso Lidera Brasil feita por Tom Coelho. Gostei da palestra. Exemplos simples, como por exemplo: custos são como unhas, não param de crescer. Ao terminar ele recitou esta poesia.

Fernando Pessoa          

Você pode ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não se esqueça de que sua vida é a maior empresa do mundo.
E você pode evitar que ela vá a falência.
Há muitas pessoas que precisam, admiram e torcem por você.
Gostaria que você sempre se lembrasse de que ser feliz não é ter um céu sem tempestade, caminhos sem acidentes, trabalhos sem fadigas, relacionamentos sem desilusões.
Ser feliz é encontrar força no perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros.
Ser feliz não é apenas valorizar o sorriso, mas refletir sobre a tristeza.
Não é apenas comemorar o sucesso, mas aprender lições nos fracassos.
Não é apenas ter júbilo nos aplausos, mas encontrar alegria no anonimato.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um não.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Ser feliz é deixar viver a criança livre, alegre e simples que mora dentro de cada um de nós.
É ter maturidade para falar eu errei.
É ter ousadia para dizer me perdoe.
É ter sensibilidade para expressar eu preciso de você.
É ter capacidade de dizer eu te amo.
É ter humildade da receptividade.
Desejo que a vida se torne um canteiro de oportunidades para você ser feliz . . .
E, quando você errar o caminho, recomece.
Pois assim você descobrirá que ser feliz não é ter uma vida perfeita.
Mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância.
Usar as perdas para refinar a paciência.
Usar as falhas para lapidar o prazer.
Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência.
Jamais desista de si mesmo.
Jamais desista das pessoas que você ama.
Jamais desista de ser feliz, pois a vida é um obstáculo imperdível, ainda que se apresentem dezenas de fatores a demonstrarem o contrário.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo . . .

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Hino a Anchieta

Dom Aquino Correa

Aqui nesta terra mimosa e sagrada
Foi que alma gentil quis a Deus entregar
O apóstolo audaz das florestas assombradas,
0 angélico poeta das praias do mar.

Anchieta, o teu nome é um poema que encerra
Os ciclos heróicos do nosso Brasil,
Que por ele viva abençoada esta terra
No bronze da glória por séculos mil.

Nasceste bem longe das nossas florestas,
Nas ondas do mar sob um céu todo azul,
Mas foi nesta noite que, meio de festas,
Tu viste o Brasil no Cruzeiro do Sul.

Tu foste o canário de voz doce e pura
Que, aos pés de Maria, em Coimbra, cantou.
Teu canto foi este: "O Mãe de ternura,
A ti para sempre eu agora me dou”.

Aqui tu vieste, aqui tu morreste,
Tu és do Brasil, brasileiro tu és.
Agora tu vives na pátria celeste
Mas neste Brasil caminharam teus pés

Cantei este hino uma vez por semana durante os cinco anos que estudei no "Grupo Escolar Padre Anchieta" e por incrível que pareça, só lembro da música do estribilho que é a única parte que lembro a letra de cor.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

A cozinheira

Bastos Tigre

Tou despedida. Essa agora!...
por uma coisinha à toa
o demonio da patroa
danou-se e mandou-me embora!
A mim que sei quanto "vaio",
que intendo do meu "ofiço",
que sou boa no "selviço",
que sou fixe no trabaio!...

Vorto de novo pra agença...
Vou arranjá patrões novo.
Quais novo nada! Esse povo
quase num faz diferença!...
É tudo da mesma raça:
resmungão, impretenente...
Prá agradá eles a gente
não sabe mais o que faça.

Pruquê eu cá sou cozinheira
mas sou de forno e fogão!
Eu cá não sou de feijão,
tutus e couve à mineira!
Trabaio em massas, corquetes,
faço cunzinhas francesa.
Seio fazê sobremesa
de pudingues e meletes!

Pois o diacho da patroa
que só dava prá cuzinha
carne, feijão e farinha,
queria comidas boa!
E inda ficava danada
quando, de tarde, o marido
fazia nariz trucido
pro feijão e carne assada!

Eu cum essa gente tô cheia!
Com esse povo não me aprumo!
Mas afiná!... não costumo
falá má da vida aleia!
Tenha ou não tenha razão,
eu quando uma casa deixo,
não me ralo, não me queixo,
nem falo má dos patrão.

O patrão deve na venda,
no açougue, no quitandeiro,
na fremácia, no padeiro,
no turco, no home das renda!
E inda ameaça com prisão
os pobre dos cobradô!
Mas...bico! que eu não sou
de falá má dos patrão!...

O patrão é um assanhado!
O mau costume ele tinha
de andá rondando a cuzinha,
a fazê-se de engraçado...
Eu nunca dei atenção
mas a patroa é ciumenta,
chegou-lhe a mostarda às ventas,
brigou, pintou com o patrão!

E ó, despois mandou-me embora!
Já viro que desaforo!
Tenho nada c'os namoro
de seu marido, senhora?
Eu cá não sou disso não!
Diabo a leve c'os seu ciumes!
Eu nunca tive o costume
de dá confiança a patrão!

Tá dereito, vou simbora!
Vorto de novo pra agença!
Minha gente, com lecença...
Meus senhores e senhora,
eu sou de forno e fogão...
Percisando meus selviço,
saibam que eu cá não sou disso
de falá má dos patrão!

Recitei esta poesia quando estava no Grupo Escolar Padre Anchieta, numa das festas escolares. Não sei precisar o ano, mas foi entre 1955 e 1959.

terça-feira, 25 de março de 2014

Filosofia do sucesso

Filosofia do Sucesso

Napoleon Hill

Se você pensa que é um derrotado,
você será derrotado.
Se não pensar “quero a qualquer custo!”
Não conseguirá nada.
Mesmo que você queira vencer,
mas pensa que não vai conseguir,
a vitória não sorrirá para você.

Se você fizer as coisas pela metade,
você será fracassado.
Nós descobrimos neste mundo
que o sucesso começa pela intenção da gente
e tudo se determina pelo nosso espírito.

Se você pensa que é um malogrado,
você se torna como tal.
Se almeja atingir uma posição mais elevada,
deve, antes de obter a vitória,
dotar-se da convicção de que
conseguirá infalivelmente.

A luta pela vida nem sempre é vantajosa
aos fortes nem aos espertos.
Mais cedo ou mais tarde, quem cativa a vitória
é aquele que crê plenamente
Eu conseguirei!

Este texto eu fui obrigada a decorar, depois de adulta e debaixo de muito estresse. Mas, valeu. 

domingo, 23 de março de 2014

Grande Cantata da Ressurreição

Para comemorar a felicidade da volta do blog e a proximidade da páscoa, mais uma das grandes que eu decorei e que também representei como jogral na minha época de adolescente e jovem.

Grande Cantata da Ressurreição

Gioia Junior

Céu de olhar parado,
céu de olhar pisado,
Ele dorme -- o sepulcro é uma senda apagada --
labirinto de treva, afastamento e nada.
Ele dorme . . .
do seu profundo sono uma flor de cristal
há de pender na imensa noite,
há de cair do fundo oceano,
há de brilhar,
há de cantar,
há de sorrir,
há de resplandecer do ocaso sepulcral.

Há trevas . . .
e as trevas são meninas
desamparadas . . .
as trevas rolam como torrentes,
dos vãos, das furnas, das tempestades,
das faces nuas dos sons ausentes,
das impiedades.

Vai aos poucos o dia aparecendo e a mancha
da noite, que era densa, agora se desmancha:
correm as nuvens,
o céu é claro,
cântico verde,
voz imatura
sobe do seio da terra vasta,
já não se arrasta,
desce, deslisa,
voa na brisa
como um regato por entre os seixos . . 
.
Do firmamento descem os anjos,
anjos alados -- brancas figuras,
rostos felizes,
transfigurados,
rostos etéreos,
sem os mistérios,
sem as raízes
e cicatrizes
de mil pecados . . .
Descem os anjos,
descem e tangem celestes harpas
não as humanas harpas de cordas
desfiguradas, vibrando no ar,
mas, cordas de ouro,
cordas de raios
da luz difusa,
crepuscular . . .
Descem os anjos
cantando hosanas,
voltam as trevas
para as origens
do fundo mar . . .
anjos unidos cantam em coro
e há mil tesouros
de luz e aroma
nas profundezas
desse cantar. . .

A pedra é revolvida do sepulcro,
a pedra negra é revolvida,
é revolvida a pedra tumular . . .
e o pulmão da caverna
haurindo a brisa suavíssima,
sorve o aroma das rosas namoradas
que amam e inundam desse amor sem termo
as torrentes do ar . . .

Como um punhal
a luz penetra a rocha
e banha as frestas múltiplas,
acaricia o teto e a profundeza
numa carícia quase musical . . .

Ei-lo que surge agora
das cadeias liberto
e liberto da treva
e liberto do sono
e liberto do pó . . .
Ei-lo, de pé, sobre a campina imensa,
imóvel, transmudado, calmo e só.

Cantai, montanhas
e flores de ouro !
cantai num coro
jamais ouvido !
Anjos e pedras,
cantai agora,
chorai, também !
Cantai cidade
da eternidade,
sempre lembrada
Jerusalém . . .

Cantai que o Salvador venceu a morte,
ressuscitou agora, ei-lo, banhado em luz,
já não há mais a angústia do transporte
e a vergonha da cruz . . .
Olhai o rosto de Jesus !
olhai as vestes de Jesus !
olhai a glória de Jesus !

Não O toqueis !
as suas vestes claras sobrepujam
as riquíssimas túnicas dos reis,
os soberanos mantos sem costura . . .


Não O toqueis !
a sua capa majestosa e pura
é tecida de raios de luar . . .

Eis na caverna escura os manchados lençóis
que cobriram seu corpo machucado,
o seu vestido foi urdido e foi bordado
com as luzes filtradas de mil sóis . . .
Ressuscitou !
Ei-lo que marcha num corcel de nuvens
e as vozes longínquas dos salvos na glória,
e as vozes da noite, das luzes, do céu,
proclamam a nova num cântico excelso !

Venceu as cadeias do sono da morte,
venceu as procelas do tempo e do espaço,
venceu, qual semente que rompe robusta
cortando os liames do negro aranhol,
surgindo banhada de vida e de alento,
bebendo as delícias dos raios do sol . . .
Venceu o passado, venceu o futuro,
venceu a maldade, venceu a traição,
as vestes da morte repousam no chão . . .

Cantai agora, vozes perdidas,
cantai poemas ao Rei da Glória,
pela Esperança, pela Vitória,
pela Certeza que nos legou . . .
De outra façanha que tanto valha
não há vestígio, não há memória.
Ei-lo vestido de nuvens brancas,
de astros e luzes, sons de vitória . . .
O Rei da Glória Ressuscitou !
cantai hosanas ao Rei da Glória !
O REI DA GLÓRIA RESSUSCITOU !

Estou feliz

Felicidade!

Meu blog voltou. Tinha sido excluído e agora está de volta. Feliz! Feliz! Feliz!

quinta-feira, 20 de março de 2014

Mãezinha

Minha mãezinha é a pessoa
que a mim, na terra, mais ama.
A noite, risonha e boa,
vem ver-me na minha cama,

cobre-me bem, faz-me festa.
Se rio, indaga: - "Que foi?"
Por fim, me beija na testa,
dizendo: - "Deus te abençoe."

Durmo. E enquanto estou dormindo,
de sonhos tudo se estrela.
Mas o meu sonho mais lindo
é quando sonho com ela.

Lembrei-me desta poesia hoje. Mas, não encontrei informação sobre o autor e eu não lembro.

Hoje, dia 05/01/2015, minha mãe está completando 90 anos. Por quase 67 anos eu tenho convivido com esta pessoa que tem um alto astral e que só vê as coisas boas da vida. Ao perguntarmos sobre um versículo para marcar este dia a resposta veio logo: Este é o dia que o Senhor fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nêle. Salmo 118:24. Quando eu era criança ela me incentivou a ler e uma das maneiras era me ajudando a decorar poesias. E esta foi uma delas. Agradeço a Deus a capacidade que Êle deu a minha mãe para desenvolver nos filhos, pobres, moradores do morro, o gosto pela leitura, pelo estudo e pelo cumprimento do dever para com Êle e para com o próximo.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

A orgulhosa


Minha tia Iasinha declamando trechos da poesia "a orgulhosa". Memória funcionando aos 98 anos, quase 99 (dia 31/01/2014)
 
 


Trasíbulo Ferraz Moreira

1
Num baile.
Ainda há pouco pedi-te,
Pedi-te para valsar...
Disseste - és pobre és plebeu;
Não me quiseste aceitar!
No entretanto ignoras
Que aquele a quem tanto adoras,
Que te conquista e seduz,
Embora seja da "nata",
É plena figura chata,
É fósforo que não dá luz!

2
Deixa-te disso, criança,
Deixa de orgulho, sossega,
Olha que o mundo é um oceano
Por onde o acaso navega.
Hoje, ostentas nas salas
As tuas pomposas galas,
Os teus brasões de rainha;
Amanhã, talvez, quem sabe?
Esse teu orgulho se acabe,
Seja-te a sorte mesquinha.

3
Deixa-te disso, olha bem!
A sorte dá, nega e tira;
Sangue azul, avós fidalgos,
Já neste século é mentira.
Todos nós somos iguais;
Os grandes, os imortais;
Foram plebeus como eu sou.
Ouve mais esta lição:
Grande foi Napoleão,
Grande foi Victor Hugo.

4
Que serve nobre família,
Linhagem pura de avós?
Se o sangue dos reis é o mesmo,
O mesmo que corre em nós!
O que é belo e sempre novo
É ver-se um filho do povo
Saber lutar e subir,
De braços dados com a glória,
Para o Pantheon da História,
Para conquista do porvir.
  
5
De nada vale o que tens
Que não me podes comprar;
Ainda que possuísses
Todas as pérolas do mar!
És fidalga? - Sou poeta!
Tens dinheiro? - Eu a completa
Riqueza no coração;
Não troco uma estrofe minha
Por um colar de rainha
Nem por troféus de latão.

6
Agora sim, já é tempo
De te dizer quem sou eu,
Um moço de vinte anos
Que se orgulha em ser plebeu,
Um lutador que não cansa,
Que ainda tem esperança
De ser mais do que hoje é,
Lutando pelo direito,
Para esmagar o preconceito
Da fidalguia sem fé!

7
Por isso quando me falas,
Com esse desdém e altivez,
Rio-me tanto de ti,
Chego a chorar muita vez.
Chorar sim, porque calculo,
Nada pode haver mais nulo,
Mais degradante e sem sal
Do que uma mulher presumida,
Tola, vaidosa, atrevida.
Soberba, inculta e banal.

A velhice

Olavo Bilac

O neto:
Vovó, por que não tem dentes?
Por que anda rezando só.
E treme, como os doentes
Quando têm febre, vovó?
Por que é branco o seu cabelo?
Por que se apóia a um bordão?
Vovó, porque, como o gelo,
É tão fria a sua mão?
Por que é tão triste o seu rosto?
Tão trêmula a sua voz?
Vovó, qual é seu desgosto?
Por que não ri como nós?
 
A Avó:
Meu neto, que és meu encanto,
Tu acabas de nascer...
E eu, tenho vivido tanto
Que estou farta de viver!
Os anos, que vão passando,
Vão nos matando sem dó:
Só tu consegues, falando,
Dar-me alegria, tu só!
O teu sorriso, criança,
Cai sobre os martírios meus,
Como um clarão de esperança,
Como uma benção de Deus!
 
 
 
Poesia recitada por tia Iasinha hoje dia 17/01/2014. Minha tia tem 98 anos e vai fazer 99 no dia 31 deste mês. A memória está intacta. É uma benção de Deus.